sexta-feira, 28 de julho de 2017

Mayara Amaral (1989 - 2017)

"Quem é Mayara Amaral?

Minha irmã caçula, mulher, violonista com mestrado pela UFG e um dissertação incrível sobre mulheres compositoras para violão. Desde ontem Mayara Amaral também é vítima de um crime que parece cada vez mais banal na nossa sociedade: o FEMINICIDIO. Crime de ódio contra as mulheres, contra um gênero considerado frágil e, para alguns, inferior e digno de ter sua vida tirada apenas por ser jovem, talentosa, bonita... por ser mulher.

Em nenhuma matéria na imprensa vi essa palavra – feminicídio – talvez porque seja difícil para uma sociedade ter a consciência de que mais uma vez falhou e uma mulher, uma jovem professora de música de 27 anos, foi outra vítima da barbárie de homens que não podem nem serem considerados humanos. Foram três, três homens contra uma jovem mulher.

Um deles, Luis Alberto Bastos Barbosa, 29 anos, por quem ela estava cegamente apaixonada, atraiu-a para um motel, levando consigo um martelo na mochila. Lá, ele encontrou um de seus comparsas.
Em uma das matérias que noticiaram, o crime os suspeitos dizem que mantiveram relações sexuais com minha irmã com o consentimento dela. Para que o martelo então, se era consentido?

Estranhamente, nenhuma das matérias aparece a palavra ESTUPRO, apesar de todas as evidências.
Às vezes tenho a sensação de que setores da imprensa estão tomando como verdade a palavra desses assassinos. O tratamento que dão ao caso me indigna profundamente.

Quando escrevem que Mayara era a "mulher achada carbonizada" que foi ensaiar com a banda, ela está em uma foto como uma menina. Quando a suspeita envolvia "namorado" hiper-sexualizam a imagem dela. Quando a notícia fala que a cena do crime é um motel, minha irmã aparece vulnerável, molhada na praia.

Quando falam da inspiração de Mayara, associam-na com a história do pai e avô e a foto muda: é ela com o violão, porém com sua face cortada. Esse tipo de tratamento não representa quem minha irmã foi. Isso é desumanização. Por favor, tenham cuidado, colegas jornalistas.
Para nossa tristeza, grande parte das notícias dão bastante voz aos assassinos e fazem coro à falsa ideia de que os acusados só queriam roubar um carro. Um carro que foi vendido por mil reais. Mil reais. Um Gol quadrado, ano 1992. Se eles quisessem só roubá-la, não precisariam atraí-la para um motel.

Um dos assassinos, Luís, de família rica, vai tentar se livrar de uma condenação alegando privação momentânea dos sentidos por conta de uso de drogas. Não bastando matar a minha irmã, da forma que fizeram, agora querem destruir sua reputação. Eis a versão do monstro: minha irmã consentiu em ser violada por eles, elas decidiram roubá-la, ela reagiu fisicamente e eles, sob o efeito de drogas, golpearam-na com o martelo – e ela morreu por acidente. Pela memória da minha irmã, e pela de outras mulheres que passaram por esta mesma violência, não propaguem essa mentira! Confio que o Ministério Público não aceitará esta narrativa covarde, e peço a solidariedade e vigilância de todos para que a justiça seja feita.

Na delegacia disseram à minha mãe que uma outra jovem já havia registrado uma denúncia contra Luís por tentativa de abuso sexual... Investiguem! Se essa informação proceder, este é mais um crime pelo qual ele deve responder. E uma prova de como a justiça tem tratado as queixas feitas por nós, mulheres. Se naquela ocasião ele tivesse sido punido exemplarmente, talvez minha irmã não tivesse sofrido este destino.

Foi tudo premeditado: ela foi estuprada por dois desumanos. E em seguida, ela sofreu um homicídio qualificado: por motivos torpes, sem chance de defesa, por meio cruel, em emboscada, contra uma mulher que tinha uma relação afetiva com um dos assassinos. E só então levaram seus poucos pertences. Parem de tentar qualificar o caso como um roubo seguido de morte (latrocínio), como se fosse o roubo a motivação maior dessa barbárie!

O terceiro comparsa – não menos monstruoso – ajudou a levar o corpo da minha irmã para um lugar ermo, e lá atearam fogo nela, como se a brutalidade das marteladas no crânio já não fosse crueldade demais. Minha irmã foi encontrada com o corpo ainda em chamas, apenas de calcinha e uma de suas mãos foi a única parte de seu corpo que sobrou para que meu pai fizesse o reconhecimento no IML. “Parece que ela fazia uma nota com os dedos”, disse meu pai pelo telefone.
A confirmação veio logo depois, com o resultado do exame de DNA. Era ela mesmo e eu gritei um choro sufocado.

Eu vou dedicar o meu luto à memória da minha irmã, e a não permitir que ela seja vilipendiada pela versão imunda de seus algozes. Como tantas outras vítimas de violência, a Mayara merece JUSTIÇA – não que isso vá diminuir nossa dor, mas porque só isso pode ajudar a curar uma sociedade doente, e a proteger outras mulheres do mesmo destino."



Fonte: Pauliane Amaral/Facebook.

quarta-feira, 26 de julho de 2017

A ontologia da pedra em Manoel de Barros

    O doutorando Rubens Aquino de Oliveira faz hoje, 27 de julho, com início às 14h, no PPG-Letras / Estudos Literários da UFMS, na Unidade 1 do Câmpus de Três Lagoas, a qualificação do seu relatório da pesquisa, intitulado Metáforas da Pedra: das Palavras às Pré-Coisas em Manoel de Barros.

     Presidirá a banca a orientadora, Profa. Dra. Kelcilene Grácia-Rodrigues, e serão os avaliadores os Profs. Drs. Marcelo Marcelo Marinho (UNILA) e Rauer Ribeiro Rodrigues (CPAN / UFMS).

     Rubens parte da constatação de que "os grandes poetas do mundo cravam na rocha sua lírica, suas imagens mais contundentes" e analisa mais de uma centena de versos da obra de Manoel de Barros que tem a pedra como elemento discursivo, seja como invocação, seja como menção, seja como imagem na construção metafórica.

      Tendo como pano de fundo a intertextua-lidade com Homero, Dante, Camões e outros poetas, Rubens argumenta que Barros faz da pedra persona poética, referência temporal e referência espacial, signo de alteridade e, por fim, como se fora - talvez - um paradoxo, ontologia do eu lírico do poeta do Pantanal.

domingo, 9 de julho de 2017

Um estudo sobre a metáfora em Manoel de Barros

TranscUlturAl, vol. 9.1 (2017), 105-122.

This work is licensed under a 

Photographed Metaphors:Meaning, Reference, and Translation in Manoel de Barros

 Axel Pérez Trujillo Diniz
University of Alberta, Edmonton

In a brief letter written in May of 2011, Brazilian poet Manoel de Barros (1916-2014) conveyedhis interest in collaborating with photographer Adriana Lafer on a book that would “express my verbal sketches; — with your images” (Arquitetura 48). Barros’s careful choice of words iscompelling, for he prefers to write “express” instead of “transform” or “translate” in his correspondence with Lafer. The shift in the medium of expression, from words to images,suggests an engagement between writer and photographer that places language at the heart oftheir collaborative book titled Arquitetura do silêncio (2015). To “express”  is to convey almost without mediation, as a transparent lens that allows light to penetrate, only then to slightly refractthe image. It is a playful tension between transparency and refraction, just as in the cover of theirbook — a photograph of what looks like a window, in which the condensation of water is infocus, displaying how light refracts into infinitesimal drops of green. In this article, I will arguethat Barros’ initial choice of words in describing his desire to work closely with Lafer reveals hisludic challenge of meaning and reference in language. In Arquitetura, Barros and Lafer displaythrough words and photographs a mode of gazing that transfigures the world, focusing on theabandoned sites that surround us: “O olho vê, a lembrança revê, e a imaginação transvê. É preciso transver o mundo” (“The eye sees, memory re-sees, and imagination trans-sees. It isnecessary to trans-see the world”) (Arquitetura 4). 

[Continua].

Disponível em: 
https://www.academia.edu/33612493/Photographed_Metaphors_Meaning_Reference_and_Translation_in_Manoel_de_Barros

sábado, 8 de julho de 2017

GPLV faz reunião dia 29


Ficam convocados os integrantes do Grupo de Pesquisa Literatura e Vida, GPLV, e convidados os demais interessados, para reunião do GPLV no dia 29 de julho, sábado, no Câmpus 1 da UFMS de Três Lagoas, das 8:30h às 11h30, para discutirem e deliberarem sobre a seguinte pauta: 

1. Informes; 
2. 9º Seminário do GPLV, a ser realizado no Câmpus 1 da UFMS de Três Lagoas nos dias 25, 26 e 27 de outubro de 2017;
3. Seminário Escrita Feminina, a ser realizado no CPAN, em Corumbá, nos dias 5, 6 e 7 de outubro.
4. Debate: Literatura e Ciência nas crônicas de Marcelo R. L. Oliveira.
5. Eventos e publicações no 2º semestre de 2017.


Três Lagoas, 06 de julho de 2017.
Rauer Ribeiro Rodrigues/Líder do GPLV
Eunice Prudenciano de Souza/Co-Líder do GPLV